Fruto de reivindicação antiga, o governador Eduardo Leite assinou a ordem de serviço para a retomada dos trabalhos de asfaltamento de acessos a oito municípios. Prefeitos, vereadores e secretários municipais lotaram o Salão Negrinho do Pastoreio do Palácio Piratini para acompanhar a solenidade nesta quinta-feira, 15. O custo total será de R$ 37 milhões.
Ao todo, o Rio Grande do Sul tem 67 cidades sem acesso asfáltico. Seis desses municípios contam com recursos provenientes de financiamento do BNDES e estão em fase de finalização. No entanto, outros 53 acessos hoje não contam com previsão orçamentária para a realização das obras que são aguardadas há mais de duas décadas. "Uma vergonha", disse secretário de Logística e Transportes, Juvir Costella.
Com a falta de recursos para investimentos, a única saída para a conclusão dos trabalhos será a busca por emendas parlamentares provenientes da bancada federal. "Estamos buscando parceria com a bancada gaúcha para investimento em pavimentação de acessos asfálticos. O secretário Costella está elaborando esse material e estamos confiantes de que haverá acolhimento", sustenta Leite.
"Enquanto o Estado estiver gastando seus recursos com a máquina pública, não haverá investimentos públicos", completou. Além disso, o governador defendeu a privatização das rodovias estaduais que estão em processo de licitação e pediu apoio dos prefeitos para que as propostas de reformas, tais como a Previdência no Estado, sejam aprovadas. Segundo ele, sem reformas estruturantes não será possível retomar os investimentos públicos.
Nesse lote de ligações asfálticas, as cidades que serão beneficiadas – Santo Antônio do Palma, São José do Hortêncio, Carlos Gomes, Sério, Muliterno, Sertão Santana, Ubiretama e Sério/Boqueirão do Leão – fazem parte do programa Acessos Municipais, executado pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). As obras já foram licitadas.
Problema antigo
Se por um lado a abertura de rodovias estaduais beneficiou municípios de todo o Estado - atualmente, são 11 mil km de malha rodoviária estadual - os acessos às cidades foram iniciados e interrompidos em várias situações.
O acesso da ERS-477, entre Carlos Gomes e São João da Urtiga, na região de Erechim, tem 14 km. Entre sucessivos inícios de obras e interrupções, sobram 5 km de acesso sem asfalto. O local tem pedras pontiagudas, buracos e se torna enorme poças de lama quando chove. O prefeito de Carlos Goms, Egídios Moreto, lembra que a população que transita em carros de passeios, a prestação de serviços e o transporte de cargas são prejudicados sem o asfalto no trecho. "Há mais de 20 anos estamos aguardando pelo acesso asfáltico. As empresas fogem daqui porque os serviços de logística são prejudicados. Assim, nossa produção é prejudicada".
A economia de Carlos Gomes é basicamente dependente do setor primário. Nas pequenas propriedades são produzidas soja, milho, leite, frutas e suínos. O caso é semelhante a Muliterno, cidade próxima a Passo Fundo, que foi contemplado neste lote de obras. O vice-prefeito, Dirceu Dalbem, disse que a população aguarda ansiosa pela finalização de 3 km. "Nesses anos de início e interrupção já foi gasto o dinheiro de três obras devido ao desperdício de material", ressalta. "Transportadoras não querem entrar no nosso município porque não há ligação asfáltica. O prejuízo é enorme".
Fonte: Correio do Povo
Postado por Marcia Bauer/ Rádio Nativa FM